A importância de considerar os sentimentos na tomada de decisão
Eu e o Regis já tínhamos duas cachorras, a Lupita e a Bela, já estava de bom tamanho para nossas condições.
Certa vez, em um dia que não parava de garoar, saímos para dar uma volta, estávamos passeando perto de um sítio onde o Régis morava, em Juquitiba, e vimos uma cachorrinha presa sozinha em um canil. O canil era longe da casa do caseiro, ela estava com frio, muito isolada e com medo. Se precisasse de ajuda, provavelmente ninguém ia ouvir.
Nós chamamos o caseiro para perguntar o que estava acontecendo, ele disse que a cachorra do sitio deu cria, os demais filhotes já tinham sido doados e sobrou ela, que eles chamavam de Maya. Mas ela era muito arteira, estava pegando as ferramentas dele, sapatos, etc e levando para o meio do mato e ele não conseguia mais achar, então teve que deixa-la presa.
Nós nos encantamos com a Maya, ficamos com muita vontade de adotar, mas já tínhamos duas cachorras, três era demais. Será que não estávamos decidindo por impulso? Talvez fosse melhor ajudar a encontrar um dono para ela...
Fomos para casa e não a levamos, mas a cada vez que eu pensava em adotar a cachorra, eu sentia uma explosão de alegria, apesar da minha mente e meu senso de responsabilidade me dizerem que era um absurdo e que eu ia arranjar mais um problema além dos que eu já tinha. Observando meu diálogo interno, eu me dizia que eu “devia” era ficar brava e não alegre com uma hipótese dessas! Falei isso para o Régis, ele me disse que esse diálogo interno estranho também estava acontecendo com ele.
Então consideramos que se nós dois estávamos sentindo a mesma alegria, iríamos adota-la. Voltamos ao sítio e a levamos para casa. Com a CNV, aprendi a dar a devida importância ao que os sentimentos me apontam e considera-los, junto com a razão, na tomada de decisões.
Foi a melhor escolha que tivemos. A Maya é uma “derretedora de cérebros”, mesmo adulta parece um filhote, deixa qualquer um abobalhado, é uma explosão de fofura misturada com um comportamento muito engraçado.
Isso aconteceu na época em que a Covid ainda não dava sinais de melhora e recentemente havíamos decidido encerrar o projeto da Comunidade Dedo Verde. Eu estava muito cansada emocionalmente por conta do stress da pandemia e ainda lidando com um luto dilacerante.
A novidade da companhia da Maya foi um alívio, uma parceirinha que me apoiou muito a superar esses momento difíceis com sua fofura, alegria e esquisitices, eu brinco que ela é meu “antidepressivo”.
Que bom que naquele momento, abrimos espaço para considerar também o que nosso coração estava nos dizendo.
Essa foto foi no dia da adoção, ela está com essa cara de assustada porque a gente tinha acabado de levar ela para casa, ela ainda não sabia o que ia acontecer.
Marina De Martino Facilitadora de Grupos de Comunicação Não-Violenta e Justiça Restaurativa Atendimentos individuais, casais, famílias, escolas, empresas, ongs #cnv #comunicacaonaoviolenta #justiçarestaurativa #dialogo #cooperacao #jogoscooperativos #mediacaodeconflitos #ansiedade #educacaoemocional #pedagogiadacooperacao #psicologia #psicopedagogia #terapia #autoconhecimento #servicosocial #recursoshumanos