"Qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo à aprendizagem”
Essa frase que abre o texto de hoje é da educadora Maria Montessori. Ela ilustra uma situação que vivi recentemente e também nos esclarece sobre o cuidado de não interferir nos processos de cura/aprendizagem com nossas crenças e valores pessoais.
Certa vez, eu estava dando um curso para uma equipe grande de funcionários.
Eu propus um jogo cooperativo, que fazia uso de uma bexiga, e o objetivo era não deixa-la cair no chão. Mas tinha o detalhe de que o jogo ia evoluindo gradativamente em graus de dificuldade.
Em dado momento, eles não estavam conseguindo passar de uma fase para a outra e por mais que se esforçassem, a bexiga caía no chão.
Enquanto buscavam encontrar a estratégia que resolveria o desafio, “o fim”, eles aprimoravam “o meio”, reconheciam a importância da participação de cada um para que o jogo funcionasse, fortaleciam o diálogo, a escuta, a gestão emocional ao lidar com a ansiedade e frustração, a tolerância com o colega que erra, percebiam que sob tensão, esqueciam até o próprio nome! Etc.
Em alguns momentos eu confesso que comecei a ficar inquieta, entre deixa-los descobrir a solução ou dar a resposta, que era simples, mas demandava uma pequena alteração na estratégia que eles estavam utilizando.
Me segurei, pois a riqueza do exercício estava exatamente no processo e não no fim: são aprendizados muito mais importantes do que não deixar a bexiga cair, habilidades que contribuiriam para o fortalecimento de vínculos e melhor execução das tarefas, tanto no jogo quanto no dia a dia do trabalho. “Aprender a aprender” em grupo.
Esse é o desafio do educador, saber a hora de dar a resposta e a hora de sustentar a pergunta.
“O maior sinal de sucesso de um professor é poder dizer: “agora trabalhem como se eu não existisse”. Maria montessori
Marina De Martino
Facilitadora de Grupos de Comunicação Não-Violenta e Justiça Restaurativa
Atendimentos individuais, casais, famílias, escolas, empresas, ongs