Há algum tempo, eu decidi fazer uma segunda graduação, em Pedagogia, e precisei fazer estágio em um escola de educação infantil.
Havia um menino, que vou chamar de Felipe, de aproximadamente uns 5 ou 6 anos de idade, que tinha o irritante hábito de disputar brinquedos com seus colegas.
Disputar brinquedos é algo que faz parte do desenvolvimento das crianças, e acolher, lidar com o limite, o espaço do outro, a frustração, a espera, é um aprendizado social importante. Mas no caso dele, era algo exagerado, era só alguém pegar um brinquedo, que ele cismava que queria brincar exatamente naquela hora com o mesmo brinquedo.
Fiquei observando que provavelmente o foco do conflito dele não era o brinquedo, mas o que estava além disso. O brinquedo era uma estratégia/solução para ele atender alguma necessidade, talvez de contato, atenção, companhia, troca, etc.
Considerando isso, imaginei que talvez ele não soubesse outra forma de interagir com os colegas, a não ser por meio da disputa, que seria interessante mostrar para ele outras formas mais funcionais (que na CNV chamamos de estratégias) de estar junto e atender essas necessidades.
Quando aconteceu de um menino pegar um carrinho para brincar e o Felipe iniciar o conflito com ele, eu sugeri que eles brincassem juntos. O Felipe jogava o carrinho para o colega e o colega jogava o carrinho de volta para ele.
Ficaram satisfeitos e brincaram por um bom tempo.
Ter consciência das necessidades que motivam escolhas e comportamentos é um caminho potente para direcionar os conflitos para uma solução simples e construtiva.
Marina De Martino
Facilitadora de Grupos de Comunicação Não-Violenta e Justiça Restaurativa
Atendimentos individuais, casais, famílias, escolas, empresas, ongs
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